A intenção nesta "Parte I" é discutir o livro do Edgar Morin em "Os sete saberes necessários à educação do futuro" dos Capítulos I, II, III e IV;
A pergunta que não quer calar com certeza é: Quais saberes são necessários à educação do futuro? De que saberes os nossos professores precisam se empenhar para educar no futuro?
No capítulo I, intitulado de "As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão" vimos a preocupação do autor em introduzir e desenvolver na educação o estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades e das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro e à ilusão.
Morin nos diz que nossa memória é fonte de inúmeros erros, assim como nossa mente é dotada de potencial de mentira para si próprio (self-deception), como fonte constante de erros e de ilusões - o egocentrismo, a necessidade de autojustificativa, a tendência a projetar sobre o outro a causa do mal nos fazem mentir para nós mesmos. Neste sentido, a verdadeira racionalidade, aberta por natureza, dialoga com o real que lhe resiste num debate argumentado das ideias e não numa propriedade fechada de sistema de ideias.
É necessário nos atentar também ao fato de que um paradigma pode ao mesmo tempo elucidar e cegar, revelar e ocultar no cuidado com o "grande paradigma do Ocidente" - o paradigma cartesiano formulado por Descartes onde separa:
Sujeito - Objeto \\\ Alma - Corpo \\\ Espírito - Matéria \\\ Qualidade - Quantidade \\\ Finalidade - Causalidade \\\ Sentimento - Razão \\\ Liberdade - Determinismo \\\ Existência - Essência
Assim, temos um problema, que é instaurar a convivialidade tanto com nossas ideias quanto com nossos mitos. No contexto das incertezas do conhecimento, precisamos civilizar nossas teorias e desenvolver nova geração de teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas, aptas a se auto-reformar e a permitir o conhecimento complexo.
No capítulo II, intitulado de "Os princípios do conhecimento pertinente" nos diz que um problema ignorado de nossa educação é o da necessidade de promover o conhecimento capaz de entender os problemas globais e fundamentais para neles inserir os conhecimentos parciais e locais dada a supremacia da fragmentação das disciplinas, o que impede a operar o vínculo entre as partes e a totalidade em seu contexto, sua complexidade e seu conjunto. Neste sentido, o conhecimento pertinente deve empreender o contexto, o global, o multidimensional e a complexidade.
No capítulo III, intitulado de "Ensinar a condição humana" nos diz que o ser humano é ao mesmo tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. Segundo ele, esta unidade complexa é desintegrada na educação pelo isolamento das disciplinas, o que torna difícil aprender o que significa ser humano e menos ainda de revelar sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos. Assim, a condição humana deve ser o objeto essencial de todo o ensino.
No capítulo IV, intitulado de "Ensinar a identidade terrena" nos diz que o destino planetário do gênero humano é outra 'pedra do sapato' ignorada pela educação. Convém ensinar a história da era planetária em seu início desde o século XVI no estabelecimento da comunicação entre todos os continentes e mostrar como as partes do mundo se tornaram solidárias, sem ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram. Neste sentido, é importante indicar a crise planetária marcada desde o século XX, mostrando que todos os seres humanos partilham de agora em diante dos mesmos problemas de vida, de morte e de um destino comum.
Abraços e até mais!
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