sábado, 29 de julho de 2017

Variação da Língua - Embaraço das Consoantes



Na articulação das consoantes, seu som na passagem pela boca em algum ponto encontra um embaraço;


ARTICULAÇÃO DAS CONSOANTES EM EMBARAÇO
Bilaterais – contato dos dois labios
Alveolares – contato da ponta da língua com as gengivas ou alvéolos – a parte do dente revestida pela gengiva
Labiodentais – contato dos dentes superiores com o labio inferior
Palatais – contato do dorso da língua com o céu da boca ou palato
Linguodentais – contato da ponta da língua com os dentes superiores
Velares – contato na parte posterior da boca, depois do céu da boca – véu palatino

Bilaterais
Labiodentais
Linguodentais
Alveolares
Palatais
Velares
SURDAS
p
f
t
s
x
k
SONORAS
b m
v
d n
z r l
j lh nh
g r rr


Nas consoantes surdas, não há a vibração do som criado nas cordas vogais;

Nas consoantes sonoras há a vibração do som criado nas cordas vogais, faça o teste, se você por a mão na parte anterior do seu pescoço – na altura da garganta – ou em cima da cabeça irá perceber a vibração;


Nas sequências \nd\ e \mb\ – há a tendência natural da língua para supressão

A sequência \nd\ é formada por duas consoantes e ocorre principalmente nos gerúndios:
falando>falanu
vindo>vinu
comendo>comenu


Pode ocorrer também em:
quando>quanu


 A sequência \mb\ é formada por suas consoantes e ocorre em:
também>tamém


   Os casos apontados são tendências naturais no uso cotidiano da língua em casos de assimilação precisam ser pontuados. Assimilação porque numa sequência de sons homo-orgânicos ou parecidos, um deles assimila o outro, que desaparece. Ambos os casos configuram regras graduais muito produzidas no português brasileiro e merece a atenção dos professores quanto aos frequentes “erros” da transposição dessa regra no português "dito-padrão". Processo conhecido como de monotongação, onde uma das letras desaparece quando pronunciada.

Há ainda outras tendências que precisam ser pontuadas, tais quais:

A variação linguística nos aspectos da redução das proparoxitonas e a assimilação das consoantes homorgânicas.

Em Portugal, as sílabas pretônicas são reduzidas assim: 
Fevereiro>fev’râiro, televisão>t’levisão, paradeiro>p’radâiro, querido>q’rido

Ao reduzir, o falante tem mais energia para chegar ao final da palavra.

No Brasil, as pretônicas têm quase a mesma duração da tônica, resultando em menos energia para a articulação dos finais da palavra. No caso das proparoxítonas, especialmente, tendemos a reduzí-las na fala rápida. A tendência do português brasileiro favorece as paroxítonas e desfavorece as proparoxítonas.

TENDÊNCIAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
1º Conjunto: supressão da vogal da primeira sílaba postônica.
(i)                       – chácara>chacra, árvore>arvri~arvi, xícara>xicra
Observação: este (i) é um traço gradual no português brasileiro.
2º Conjunto: supressão da sílaba postônica completa.
(ii)                     –  depósito>deposu, fósforo>fosfu, válvula>valva, quilômetro>quilomu
3º Conjunto: supressão da vogal da primeira sílaba postônica resultou em sequência fonológica estranha à língua \mr\, \bd\ e \pd\.
(iii)             – número>numru, bêbado>debdu, lâmpada>lãpda
4º Conjunto: os falantes reduzem mais ainda as palavras.
(iv)                   – número>nú,meru>númuru>nú,mru>nú,ru, bêbado>beddu>bebo, lâmpada>lampda>lampa

#ContraoPreconceitoLinguístico

REFERÊNCIAS:
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. – São Paulo: Parábola Editorial, 2004. [Linguagem; 4]



domingo, 23 de julho de 2017

Crises da Nossa Existência - Pensamento Onírico


Momentos Existenciais da Nossa Vida!!!


No Porão está o passado com todas as suas lembranças, recordações, os segredos mais profundos que guardamos no nosso coração, os traumas, as coisas boas, as más, enfim, todo o nosso passado. Nos fundos da "casa", existem vários baús com segredos.

Na Área Central da Casa, é o local por excelência aonde as coisas estão acontecendo no presente, a realidade dos fatos, das coisas.

No Sótão estão os nossos sonhos no futuro e a visão do belo horizonte, a vista perfeita do futuro ( que todos nós sonhamos ser lindo, perfeito e belo). No sótão se avista a linda praia, a bela paisagem.


Dez dicas de Augusto Cury para gerir bem as nossas emoções...


Proteger a emoção...

- Fazer a mesa redonda do Eu contra todas as emoções que nos controlam, anulam, fomentam conflitos;

- Evitando de exigir o que os outros não podem dar;

- Se doar sem esperar demasiadamente o retorno;

- Entender que através de uma pessoa que fere há uma pessoa ferida;

- Ser livre da ditadura da resposta, não gravitar na órbita do que os outros pensam e falam de você e ter órbita própria;

- Desenvolver a consciência de que o território da emoção é terra particular. Não deixar ser invadido sem a permissão do Eu;

- Ser autodeterminado, ter metas claras e consciência da própria identidade, mesmo "que o mundo desabe" e os projetos deem errado;

- Ser seletivo, dar prioridade as coisas relevantes, não se prender as picuinhas e coisas irrelevantes da vida;

- Desacelerar os pensamentos, administrar a ansiedade exagerada, demasiada e buscar o prazer nas coisas mais simples da vida;

- Redesenhar o estilo de vida, ser dosado, pausado, caminhar passo a passo. Aprender a fazer uma coisa de cada vez. Valorizar e desfrutar da trajetória da nossa caminhada.


Dica de leitura:
CURY, Augusto. O código da inteligência: a formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil. Ediouro, 2008.


terça-feira, 18 de julho de 2017

Divertida Mente - Sentimentos em Conflito



Conflitos de Sentimentos

Com a mudança para uma nova cidade, as emoçoes de Riley, que tem apenas 11 anos de idade, ficam extremamente agitadas. Uma confusão na sala de controle do seu cérebro deixa a Alegria e a Tristeza de fora, afetando a vida de Riley radicalmente.

Os principais personagens do filme são:

Medo
Raiva
Alegria
Tristeza
Nojenta


Ainda aparecem outros personagens, como a Imaginação e o Monstro de seu Inconsciente


O psicólogo dos sentimentos - Henri Wallon (1879-1962)


Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal), considerando que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e ver o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo).

Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do desenvolvimento psíquico da criança.

Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa.



Razão X Emoção
Cognição X Conflitos

Wallon enfatiza o papel da emoção no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o nascimento são feitos de emoções e não apenas cognições. São quatro os elementos básicos que estão o tempo todo em comunicação: 

afetividade, emoções, movimento e formação do eu

Afetividade – possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa, pois é por meio dela que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma criança revelam importantes traços de caráter e personalidade.  

Emoções – é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio. 

Movimento – refere-se às emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. 

Formação do eu – a construção do eu depende essencialmente do outro. Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a “crise de oposição”, na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria.


O Trailer do Filme: "Divertida Mente"

http://videos.disney.com.br/ver/divertida-mente-trailer-2-51326b27f1a8f8430241987d

sábado, 15 de julho de 2017

Variação da Língua - Vogais /e/ e /o/


Vogais orais do português brasileiro /e/ e /o/

As vogais médias /e/ e /o/ geralmente são pronunciadas como /i/ e /u/ em sílabas átonas, pretônicas ou postônicas.


VOGAIS ORAIS DO PORTUGUÊS

ANTERIORES
CENTRAL
POSTERIORES
ALTAS
i

u
MÉDIAS
e  é

o ó
BAIXAS

a




Veja a pronúncia das vogais orais do português brasileiro /e/ e /o/, como soam como /i/ e /u/, respectivamente, através da letra da música: 


Garota de Ipanema - Vinicius de Moraes “Jobim”


Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela, menina, que vem e que passa
Seu doce balanço, caminho do mar

Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

[...]

Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor



Portanto, a língua é um fenômeno social regido por normas culturais, um falante nativo de sete ou oito anos, geralmente já internalizou as regras do sistema de sua linguagem usual, seu domínio se dará em contextos de interação social devendo considerar a adequação à situação da fala. 

Toda língua muda com o tempo, sendo que nós, os falantes é quem a mudamos mesmo sem ter a consciência disto porque utilizamos a linguagem tornando-a mais adequada e satisfatória as exigências do nosso processamento mental, da comunicação e dos processos de interação para determinadas situações. 

Faz-se necessário considerar, ainda que de forma resumida, a hipótese de que não existe a forma correta ou errada de escrever ou falar, mas formas adequadas ao contexto social do indivíduo, em suas interações sociais.

#ContraoPreconceitoLinguístico

Música - "Brasil - Garota de Ipanema" - https://www.youtube.com/watch?v=6LrUHQky71Y




domingo, 9 de julho de 2017

Metáfora - O Silêncio como Sabedoria Maior




Metáfora Nietzschiana

Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, existem cinco tipos de pessoas comparáveis quanto a sua personalidade de Ser-Estar-Sentir e Agir no mundo. 

Afirma que uma delas é sábia por excelência, qual você acredita ser o mais sábio dentre esses cinco "animais da natureza", segundo a metáfora?

Camelo

Tigre

Dragão

Criança

Vaca


Camelo: é o que "carrega" sobre si o "peso". Aqui o "carrega" vem do verbo carregar e pode significar levar o peso, que por sua vez podem ser situações, problemas, pessoas, enfim. Claro que em momentos da vida "carregamos", mas aqui estamos nos extremos, é uma metáfora reflexiva.

Tigre: é o "revoltado" com tudo a sua volta. Aqui o termo "revoltado" vem do verbo revoltar-se e pode significar também irar-se com tudo a sua volta, com situações, problemas, pessoas, enfim. Claro que em momentos da vida nos revoltamos, mas aqui estamos nos extremos.

Dragão: é uma mescla, um híbrido daquele que "carrega" e também se "revolta". Dispensa comentários.

Criança: é o estado inventivo, de novidade de vida, de ingenuidade e de relações puras, momento criativo, do despertar para as novas experiências da vida.

Vaca: é o animal mais sábio da natureza segundo Nietzsche e sabe por quê? Porque pratica a sabedoria, a maior de todas elas, "o silêncio" por meio da "ruminação". Geralmente a vaca come a grama verde e esta volta a sua boca, quando fica por horas mastigando e mastigando em "silêncio".

Que possamos ser durante a nossa vida, principalmente nos momentos em que se exigir de nós o "silêncio", como vacas ruminadoras de um momento existencial muitas vezes não tão agradável.

domingo, 2 de julho de 2017

CAP. VI - O desenvolvimento das ideias pedagógicas leigas: ecletismo, liberalismo e positivismo (1827-1932) RESUMO SAVIANI


Portugal fazia concessões econômicas e a Inglaterra pagava com promessas ou garantias políticas.

Portugal adentrou o século XIX sob forte pressão do Império Napoleônico francês que obrigava a aderir ao bloqueio continental decretado contra a Inglaterra, cujo desfecho implicou na transferência da Família Real para o Brasil, em 1808. Também veio junto Silvestre Pinheiro Ferreira, que a partir de 1813, ministrou um curso de filosofia no Real Colégio de São Joaquim, no Rio de Janeiro. Em filosofia política se definia por um liberalismo moderado e em filosofia, encaminhava para o ecletismo.

Após a Proclamação da Independência, em 1922 – o primeiro passo era a elaboração e promulgação de uma Constituição. Dom Pedro I convocou a Assembléia Geral Constituinte em 1823 e destacou a necessidade de uma legislação especial sobre a instrução pública. Requeria solução urgente e prioritária: a organização de um sistema de escolas públicas, segundo um plano comum a ser implantado em todo o território do Novo Estado. 

Condorcet, elabora a expressão mais íntima entre a relação do Estado e a escola numa perspectiva liberal, nas “Cinco memórias sobre a instrução pública” de 1791, com o seguinte plano: 1 – natureza e objeto da instrução pública; 2 – da instrução comum as crianças; 3 – instrução comum para os homens; 4 – instrução relativa para as profissões; e, 5 – instrução relativa às ciências. Sempre refere-se à instrução.

Reaberto o Parlamento em 1826, retomou-se a discussão do problema nacional da instrução pública. Entre as várias propostas sobressaiu o projeto encabeçado por Januário da Cunha Barbosa, que pretendeu regular o ensino distribuindo-o em quatro graus: 1º grau: Pedagogias; 2º grau: Liceus; 3º grau: ginásios e 4º grau: academias.

É importante apontar para a presença das ideias modernas que preconizavam uma educação pública e laica na forma das memórias de Condorcet. Porém, o ensino ainda se pautou pelo espírito das aulas régias oriundas das reformas pombalinas, previstas nas cadeiras e classes avulsas nos casos do 3º grau (ginásios) e do 4º grau (academias).

Escolas de primeiras letras – projeto limitado à escola elementar que resultou na Lei de 15 outubro de 1827 – método lancasteriano ou ensino mútuo, no qual alunos eram investidos de função docente.

O texto da Lei das Escolas de Primeiras Letras desdobra-se em dezessete artigos. Essa primeira lei de educação no Brasil independente estava em sintonia com o espírito da época, de difundir as luzes garantindo o acesso aos rudimentos do saber que a modernidade considerava indispensável para afastar a ignorância.

No ensino proposto por Lancaster, a maior habilidade do processo de ensino e aprendizagem era a memória e não a fluência verbal, não se admitia a conversa, que era considerada ato de indisciplina, já que em seu entendimento não era possível falar e aprender ao mesmo tempo – se esperava acelerar a difusão do ensino atingindo rapidamente e a baixo custo grande número de alunos. Assim, a instrução pública caminhou a passos lentos pela insuficiência quantitativa, falta de preparo, parca remuneração e pouca dedicação dos professores, dentre outros.

Reforma Couto Ferraz – aspecto característico desse regulamento baixado em 1854, refere-se a adoção do princípio da obrigatoriedade do ensino, associado a tarefa de coordenação atribuída ao Inspetor Geral dos Estudos, extensiva a todas as províncias do Império, nos permite considerar a ideia de um sistema de ensino a partir desta Reforma.

Pelo aspecto administrativo da Reforma Couto Ferraz, a concepção pedagógica se revela centralizadora, papel atribuído ao Inspetor Geral e subordinados aos delegados do distrito.

A base curricular elementar previa ao currículo: o desenvolvimento da aritmética em suas aplicações práticas; as ciências físicas e a história natural aplicáveis aos usos da vida, dentre outros.

Esta reforma afasta-se oficialmente do método do ensino mútuo, presente na legislação do país desde 1827, quando foram instruídas as Escolas de Primeiras Letras.

A obra de Liberato Barroso pode ser considerada o primeiro estudo de conjunto sobre a educação brasileira, reunidas no livro A instrução pública do Brasil, publicada em 1867, que buscou conciliar dogma e liberdade, fé e razão. Pretendeu conciliar obrigatoriedade escolar com ensino livre, assim como a vigilância do Estado com a iniciativa privada no campo da instrução.

Reforma Leôncio de Carvalho – Decreto de 19 de abril de 1879, que reformou o ensino primário, secundário e superior no município da Corte, em 29 artigos. Sua essência é apresentada logo ao início e proclama que “é completamente livre o ensino primário e secundário no município da Corte e o superior em todo o Império, salva a inspeção necessária para garantir as condições de moralidade e higiene”. Essa referência à “moralidade e a higiene” ocupa lugar central no ideário pedagógico brasileiro no Segundo Império e ao longo da Primeira República: o higienismo.

A Reforma Leôncio de Carvalho regulamenta o funcionamento das Escolas Normais fixando o seu currículo, nomeando docentes, o órgão dirigente, assim como a remuneração dos funcionários.

Em continuidade com a Reforma Couto Ferraz,  mantém a obrigatoriedade do ensino primário dos sete aos catorze anos, à assistência do Estado aos alunos pobres, o serviço de inspeção – e inova com a criação de jardins de infância para crianças de três e sete anos, incentivo ao ensino particular, equiparação de Escolas Normais particulares às oficiais e de escolas secundárias privadas ao colégio Pedro II, dentre outros, à criação de escolas confessionais.

O método intuitivo – A Reforma Leôncio de Carvalho sinaliza na direção do método intuitivo. É isto que se manifesta no enunciado da disciplina “Prática do ensino intuitivo ou lição de coisas” do currículo da Escola Normal, bem como no componente disciplinar “noções de coisas” do currículo da escola primária. Foi concebido com o objetivo de resolver o problema da ineficiência do ensino, diante das exigências sociais decorrentes da Revolução Industrial no período entre o final do século XVIII e meados do século XIX.

Compreendiam peças do imobiliário escolar, quadros-negros, caixas de ensino de cores e formas, quadros do reino vegetal, gravuras, objetos de madeira, mapas, dentre outros. Adoção de um novo método de ensino: concreto, racional e ativo, denominado ensino pelo aspecto, lição de coisas ou ensino intuitivo, onde “[...] o ensino deve partir de uma percepção sensível, o oferecimento de dados sensíveis à observação e percepção do aluno, desenvolvem-se todos os processos de ilustração com objetos, animais ou suas figuras”.

Ao fim do Império, a Reforma Leôncio de Carvalho, abre caminho à iniciativa privada ao tornar livre a instrução, embora a iniciativa privada não chegasse a suplantar as escolas públicas no âmbito da instrução elementar. Já no nível secundário sua supremacia era total, visto que a iniciativa pública se limitava ao Colégio Pedro II.

O Barão de Macahubas (Abílio César Borges) – no opúsculo “A lei nova do ensino infantil”, de 1884, onde afirma que “[...] é nas lições sobre os objetos que adquirem o feliz hábito de refletir e de expor suas ideias com frases apropriadas e corretas”. Foi o criador do famoso Ginásio Baiano em Salvador e depois do Colégio Abílio da Corte, no Rio de Janeiro – integrou o movimento do método intuitivo, deixando a Instrução Pública e colocando em prática suas ideias pedagógicas na iniciativa privada.

Castro Alves e Rui Barbosa estudaram no Ginásio Baiano em Salvador, fundado em 1858.

De acordo com o Plano de Estudos do Colégio Abílio do Rio de Janeiro, os estudos eram divididos em duas seções: uma de instrução primária e outra de instrução secundária, sendo a primária com duração prevista para três anos e a secundária, prevista para os sete anos seguintes. Dava preferência ao regime de internato, era contra aos jardins de infância e considerava que o ensino deveria começar aos sete anos de idade e nunca antes dos seis.

No Congresso Pedagógico Internacional de Buenos Aires, sua participação se deu em 2 de maio de 1882, abordando dois temas: o primeiro dizia sobre a formação dos mestres das escolas primárias e o segundo, se referiu aos melhores meios de a escola sustentar a disciplina e de fomentar nos meninos o gosto pela instrução – posicionando-se contra os castigos escolares.

Os livros do Barão de Macahubas eram distribuídos gratuitamente pelas escolas de todo o país. O escritor Raul Pompéia, que frequentou o Colégio Abílio, compôs o romance “O Ateneu”, com base na sua experiência como aluno.

Em termos gerais, a visão de homem e de mundo de Abílio César Borges, o Barão de Macahubas, inseria-se no âmbito da cosmovisão católica.

A educação moral, entendida em íntima ligação com a religião, ocupava posição central no conjunto das ideias pedagógicas do Barão. A concepção pedagógica pretendia conciliar as ideias modernas com a tradição católica, em consonância com o ecletismo espiritualista.

Em apenas sete anos no Brasil, ingressaram de 1840 à 1847 da África 239.800 escravos para o principal setor da economia brasileira que era representado pela cafeicultura.

Alfredo Bosi descreve sobre o “novo liberalismo”, tendo por base a abolição da escravatura decretada pela Lei Áurea em 1888 e a introdução do trabalho assalariado no Brasil. Desde 1868, a ideia central que perpassavam as discussões sobre a Abolição e a Proclamação da República estavam na ligação entre emancipação e instrução.

A emancipação do escravo exigia a difusão da instrução para diminuir o abismo da ignorância e afastar o instinto de ociosidade.

Com a Proclamação da República em 1889 e o consequente advento do regime federativo, a instrução popular foi mantida sob responsabilidade das antigas províncias, agora transformadas em estados.

A tentativa mais avançada foi no estado de São Paulo em direção a um sistema orgânico de educação, pois:

a)    A organização administrativa e pedagógica do sistema como um todo, a criação de órgãos centrais e intermediários de formulação das diretrizes e normas pedagógicas, como a inspeção, controle e coordenação das atividades educativas;
b)    A organização das escolas na forma de grupos escolares, superando a fase das cadeiras e classes isoladas, mas a reforma paulista também não chegou a se consolidar – volta-se a responsabilidade de um inspetor geral, em todo o estado, auxiliado por dez inspetores escolares.

Ao final da República Velha com a crise dos anos de 1920, onde se retoma as reformas e se recoloca o problema do sistema de ensino para o âmbito nacional após a Revolução de 1930.


Ao longo da Primeira República, José Veríssimo publica em 1890, a obra “A educação nacional” com indicações para a reforma educativa – considera como base da reforma a reconstrução do caráter nacional e do sentimento nacional do povo brasileiro com eixos para a educação do caráter, a educação cívica, a educação física e o papel da mulher como educadora do caráter das novas gerações. 

No plano federal, o regime republicano expressou essa tensão na política educacional oscilando entre a centralização (oficialização) e a descentralização (desoficialização).

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4ª ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2013. – (Coleção memória da educação)

Dicas para escrever o Relatório Psicopedagógico

DICAS PARA ESCREVER  RELATÓRIO PSICOPEDAGÓGICO O relatório psicopedagógico é diferente do relatório pedagógico em vários aspetos. O...