quinta-feira, 23 de março de 2017

CAP. II – Uma pedagogia brasílica (1549-1599) - RESUMO SAVIANI


CAPÍTULO II – Uma pedagogia brasílica (1549-1599)

A educação indígena – A exemplo dos Tupinambá, numa sociedade sem classes, como nas comunidades primitivas, os fins da educação coincidem com os interesses comuns do grupo e se realizam igualmente em todos os seus membros, de modo espontâneo e integral.

Atingiam a idade da experiência, os maiores de 40 anos de idade e se encontravam nos postos-chave da vida social (os chefes de grupos locais), na vida militar (líderes guerreiros) e na vida religiosa ou esfera sagrada (pajés e pajé-açu) – tinham o papel principal de atualizar a memória coletiva, preservando e avivando as tradições tribais.

A colonização no Brasil contou a contribuição imprescindível das ordens religiosas, considerando que os primeiros evangelizadores no Brasil foram os franciscanos, uniam a catequese à instrução.

No campo das ideias pedagógicas, a visão jesuítica prevaleceu em consequência da determinação do rei de Portugal, sendo apoiados tanto pela Coroa Portuguesa como pelas autoridades da colônia, procedendo de forma mais orgânica o monopólio da educação nos dois primeiros séculos da colonização.

Uma pedagogia brasílica – a primeira fase da educação jesuítica foi marcada pelo plano de instrução elaborado por Manuel de Nóbrega, sua aplicação foi precária, encontrou oposição no interior da própria Ordem Jesuítica que fora suplantado pelo Plano Geral de estudos organizado pela Companhia de Jesus, tendo como seu fundador Inácio de Loyola e consubstanciado no Ratio Studiorum.

Tal plano de Nóbrega iniciava-se com o aprendizado do português (para os indígenas); prosseguia com a doutrina cristã, a escola de ler e escrever. Pode-se perceber a articulação das ideias pedagógicas em três aspectos: a filosofia da educação em sua máxima generalidade, a teoria da educação enquanto organização dos meios, os recursos materiais e os procedimentos e a prática pedagógica na efetivação do processo.

Em Nóbrega, as ideias pedagógicas se encarnavam segundo os meios necessários preconizados: a sujeição dos sujeitos, sua conversão à religião católica e sua conformação disciplinar, moral e intelectual à nova situação.

Em Anchieta, as ideias pedagógicas giravam em torno da filosofia da educação na doutrina da Contrarreforma e expressas no plano educacional posto em prática. Para realizá-lo, utilizou o idioma Tupi para se dirigir aos nativos como aos colonos, produzindo poesia e teatro num correlato de mundo maniqueísta entre forças em pérpetua luta: Tupã-Deus, com sua constelação familiar de anjos e santos e Anhangá-Demônio, com a sua corte de espíritos malévolos que se fazem presentes nas cerimônias Tupi.

Para os jesuítas, a religião católica era considerada obra de Deus e as religiões dos índios e negros vindos da África eram obra do demônio. Eis como se cumpriu, pela catequese e pela instrução, o processo de aculturação da população colonial nas tradições e nos costumes do colonizador.

A pedagogia brasílica fora formulada e praticada sob medida para as condições encontradas nas terras descobertas pelos portugueses.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4ª ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2013. – (Coleção memória da educação)

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