Currículo: simplesmente um texto
Currículo como um conceito multifacetado, perpassando pelo formal, pelo oculto e pelo vívido.
- Pelo viés formal, temos o eficientismo defendido por Bobit (estadunidense), em 1918, um currículo científico, associado à administração escolar e baseado em conceitos como eficiência, eficácia e economia.
*Já o progressivismo defendido por John Dewey, conta com mecanismos de controle social menos coercitivos, como meio de diminuir as desigualdades sociais geradas pela sociedade urbana industrial, com o objetivo de construir uma sociedade harmônica e democrática. No Brasil, seus princípios foram disseminados em 1920 por Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, responsáveis pelas reformas ocorridas na Bahia (1925) e no Distrito Federal (1927).
*Já a racionalidade Tyleriana, em 1949, com uma abordagem eclética, articulando abordagens técnicas, como as eficientistas com o pensamento progressivista. A principal obra de Tyler, de 1949, denominada de "Princípios básicos de currículo e ensino". Seu modelo é um procedimento linear e administrativo em quatro etapas: 1) definição dos objetivos de ensino; 2) seleção e criação de experiências de aprendizagens apropriadas; 3) organização dessas experiências de modo a garantir maior eficiência ao processo de ensino; e, 4) avaliação do currículo.
- Pelo viés oculto, temos o primeiro silêncio - Hegemonia, ideologia e poder.
*Na década de 1970 foram produzidas as teorias marxistas, assim como as teorias da correspondência ou da reprodução como crítica ao currículo escolar em seu aparato de controle social.
*A hegemonia é tomada na leitura que Williams faz de Gramsci, ao conjunto organizado e dominante de sentidos que são vívidos pelos sujeitos como uma espécie de senso comum. Contexto da Nova Sociologia da Educação (NSE) inglês de 70.
*A ideologia, na tradição marxista, em resumo, como espécie de falsa consciência que obriga toda a sociedade a enxergar o mundo sob a ótica de um grupo determinado ou sob a ótica das classes dominantes.
- Pelo viés vívido, temos o segundo excluído: o que acontece nas escolas.
*Teóricos da matriz fenomenológica argumentam em favor de um currículo aberto à experiência dos sujeitos e defendem o currículo para além do saber socialmente prescrito a ser dominado pelos estudantes.
*Paulo Freire é um dos nomes mais marcantes, constrói uma teoria eclética, onde colaboram a fenomenologia e o existencialismo, a exemplo do livro publicado em 1970, "Pedagogia do Oprimido" - partindo da contraposição clássica do marxismo entre opressores e oprimidos para analisar a educação como bancária e anti-dialógica.
E quanto a perspectiva pós-estrutural? Quais são os seus aportes teóricos de um currículo sob tal ponto de vista?
A norma para o currículo, portanto, não é o consenso, a estabilidade e o acordo, mas o conflito, a instabilidade, o desacordo, porque o processo é de construção seguida de desconstrução seguida pela construção.
- Por referência, os textos e traduções de Tomaz Tadeu da Silva são os mais citados, em meados de 1990. Partilha com o estruturalismo uma série de pressupostos, o mais relevante é a desconstrução no que diz respeito ao lugar da linguagem na constituição do social. Ambos adotam uma postura antirrealista, advogam que ao invés de representar o mundo, a linguagem o constrói.
Em crítica a estrutura, o pós-estruturalismo é obrigado a desconectar totalmente a ideia de significado do significante
* Todo significante é, portanto, flutuante e seu sentido somente pode ser definido dentro de uma formação discursiva histórica e socialmente contingente.
* A questão entre discurso - e conhecimento como parte do discurso - e poder. A capacidade de unificar um discurso é em si um ato de poder, de modo que as metanarrativas modernas precisam ser vistas como tal e não como expressão da realidade.
* Pode-se entender os discursos pedagógicos e curriculares como atos de poder, o poder de significar, de criar sentidos e de hegemonizá-los.
A questão fundamental se torna: como e em que condições um determinado discurso é capaz de construir a realidade? A ideia de aluno, por exemplo, o que o torna real ao longo do tempo, como se inserem em um sociedade específica.
aluno X professor
educando X educador
aprendiz X facilitador
aprendente X ensinante
Outros significantes a palavra aluno:
aprendiz, discípulo, educando, estudante, novato, principiante, colegial, escolar lecionando, pupilo, discente.
Alguns significantes a palavra professor:
mentor, formador, orientador, preceptor, mestre, doutor, educador, pedagogo, titular, catedrático, instrutor, docente.
Bibliografia:
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de currículo. Cap. 1 - Currículo. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2011