domingo, 26 de março de 2017

CAP. III – A institucionalização da pedagogia jesuítica ou Ratio Studiorum (1599-1759) - RESUMO SAVIANI


Em 1564, a Coroa portuguesa adotou o plano da redízima, pelo qual dez por cento de todos os impostos arrecadados da colônia brasileira passaram a ser destinados à manutenção dos colégios jesuíticos.

A Companhia de Jesus deu início a elaboração de um plano geral de estudos a ser implantado em todos os colégios da Ordem em todo o mundo. O padre Claúdio Aquaviva, superior geral da Ordem dos Jesuítas, eleito em 1581, deu início em 1584 aos trabalhos de elaboração do Ratio Studiorum, chegando a versão definitiva em 1599.

A orientação seguida foi a do modus parisiensis, método adotado na capital da França e marca da Universidade de Paris, introduziu a divisão dos alunos em classes, sua organização se dava pelos alunos de mesma idade, ministravam um programa previamente fixado proporcional ao nível dos alunos, sendo cada classe dirigida por um professor. Os mecanismos de estudos implicavam castigos corporais e prêmios, louvores e condecorações, denúncia ou delação.

Pode-se considerar o modus parisiensis como o germe da organização do ensino à constituição da escola moderna, que supõe edifícios específicos, classes homogêneas, progressão dos níveis de escolarização em séries e programas sequenciais, ministrados por determinado professor.

O código representado pelo Ratio Studiorum continha 467 regras. Era de caráter universalista porque era adotado por todos os colégios jesuíticos em todos os lugares onde estivessem e elitista porque se destinou aos filhos dos colonos, excluindo os indígenas, os colégios jesuíticos se converteram no instrumento de formação da elite colonial.

Em 1750 haviam 728 casas de ensino – nove anos antes da expulsão dos jesuítas do Brasil e dos demais domínios portugueses.

Com os trabalhos de padres dedicados ao ensino nos colégios jesuítas, houve maior divisão do trabalho didático, daí resultando: a criação de espaços especializados para o ensino; desenvolvimento da seriação dos estudos; diferenciação entre as áreas do conhecimento e crescente número de professores especializados por área de saber.

As ideias pedagógicas expressas no Ratio Studiorum correspondem ao que ficou conhecido na modernidade como pedagogia tradicional. Caracteriza-se por uma visão essencialista de homem, constituído como universal e imutável e cumpre a educação moldar sua existência particular e real à essência universal e ideal que o define humano. Ligada a vertente religiosa, a corrente do tomismo de – Tomás de Aquino, filósofo e teólogo medieval concebe o homem como imagem e semelhança de Deus e deve atingir a perfeição humana na vida natural e fazer por merecer a dádiva da vida sobrenatural.

A orientação da corrente do tomismo está na base do Ratio Studiorum – regra nº 2 do professor de filosofia era em questões de suma importância não se afaste de Aristóteles e a regra nº 6 recomendava falar sempre com respeito de Santo Tomás.

Predominou aproximadamente por dois séculos, até 1759, quando se deu a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias por ato de Marquês de Pombal, então primeiro-ministro do rei Dom José I.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4ª ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2013. – (Coleção memória da educação)

Um comentário:

  1. O Ratio Studiorum garantia a uniformidade dos procedimentos, tanto para professores como para alunos, visando o sucesso dos objetivos propostos. A combinação de estudos humanísticos e científicos formava homens que soubessem pensar e escrever, pois a formação ideal, para o Ratio, era o desenvolvimento das capacidades para exercer a virtude humana, como caráter, verdade e etc..

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