sábado, 13 de janeiro de 2018

Pedagogia Contemporânea: Grandes Autores


O que dizem os pedagogos contemporâneos a respeito da prática docente?

*Demerval Saviani e o Sentido da Pedagogia

- Depois de Paulo Freire, o segundo que se dedica à teoria crítica é Saviani com sua Pedagogia Histórico-Crítica - concepção do materialismo histórico, leva em conta os determinantes sociais da educação e realiza uma análise da realidade brasileira na perspectiva de totalidade - desenvolvimento das classes sociais e de luta de classes.
Com a divisão da sociedade em classes sob o capitalismo, a educação recebeu uma determinação particular marcada pelo conflito de classes, num processo de dominação e exploração pela minoria que detém a propriedade dos meios de produção e controla a sociedade em suas várias dimensões.
O trabalho pedagógico deve viabilizar o acesso à cultura letrada, já que aprender a ler e a escrever não é uma linguagem espontânea - a ação deve ser contínua e planejada.


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* José Carlos Libâneo e a Prática Docente

- Pedagogia e Didática - Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos - reflexões teóricas tecidas à luz do materialismo histórico e dialético "Foi discípulo de Saviani".
A escola crítica assume o papel de "abrir os olhos" da classe dominante para que tome consciência de sua dominação e lute pela transformação social.

A primazia dos conteúdos como característica de uma pedagogia de esquerda e progressista.

Retoma as perguntas: 
O que é Pedagogia? Quem é o Pedagogo? O que ser o Curso de Pedagogia?

A escola precisa ter o compromisso com a seleção*transmissão de conteúdos curriculares, bem como com a produção de aprendizagens dos alunos.
O papel do professor é o mediador entre o ensino e a aprendizagem, dos conhecimentos organizados pela didática e pelas didáticas específicas.


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* Selma Garrido Pimenta: Teoria e Prática na Educação

- Consolidação de uma escola pública, democrática, justa, capaz de transformar a sociedade.
Práxis Pedagógica - equipe articulada ao projeto de formação, integração universidade-escola, supervisão da formação.
A indissociabilidade da teoriapráticateoria - saberes docentes e reflexividade na formação da prática docente.
Pragmatismo e participação dos sujeitos da prática é uma de suas grandes preocupações.

A formação não se dá no vazio, não se estabelece na neutralidade política, mas na sua totalidade e no confronto e diálogo com a prática, só se constroem no coletivo: 
formação, condições de trabalho, infraestrutura da escola e carreira.


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* Bernard Charlot: Pedagogia da Relação com o Saber

- A pedagogia é um instrumento político de intervenção social, deve emergir da negociação com o todo social, com os diferentes grupos sociais e demandará pôr em discussão a escola que temos e as razões de tê-la assim.
Os conteúdos curriculares devem ser negociados no Projeto-Político-Pedagógico.

A escola é uma necessidade social, sendo mediadora das contradições existentes entre o indivíduo, o conhecimento e o mundo.
O aluno deve ter posição central no processo de ensino, assim, não há fracasso escolar, há simplesmente alunos em situação de fracasso.

O desejo é um elemento importante no processo de ensino e aprendizagem; a auto-estima ajuda a construir relações positivas; toda pessoa tem atividade intelectual, mas mobilizar ou não essa potencialidade depende do sentido conferido ao que é ouvido ou a situação vivenciada.

Não é fácil, mas cabe ao professor construir o aluno na criança, entender a lógica do aluno da classe popular.


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* Philippe Meirieu: Pedagogia entre o Dizer e o Fazer

- O professor tem o compromisso de transmitir saberes e cultura.

Momento Pedagógico: atua com o aluno a partir de sua permissão - esse momento é quando o aluno lhe escapa, não aprende, não compreende, não possui o desejo de aprender. 

O que dizer? 
Buscar através do diálogo a possibilidade de interação com esse aluno.

A escola democrática deve transmitir conhecimentos com a garantia de que todos os alunos deles se apropriem e haja emancipação: visto como libertadores e que desenvolva a autonomia dos alunos.

Tensão no processo educativo: ordem e liberdade, direção e autonomia.
A pedagogia não deve basear-se em verdades prontas, construídas a priori, o que substitui a certeza é a reflexão, a inventividade e o diálogo. Deve ser também diferenciada, porque nem todos aprendem no mesmo ritmo nem da mesma forma.


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IMPORTANTE:

Duas condições são básicas para o exercício da prática pedagógica: a construção de sentidos e a prática de diálogo. Os sentidos vêm do diálogo e o diálogo que cria sentidos. Diálogo e construção de sentidos não são práticas naturais. São práticas sociais e históricas e dependem de certas condições.
Portanto, a pedagogia não se exerce no vazio, não funciona com diretrizes e orientações, não é uma vara mágica que transforma as situações institucionais, mas vai se constituindo como vigilância crítica na proposta de compreender e transformar a prática, indicando, propondo e exercendo vigilância.
Transformar em que direção?
Sempre na direção de construção de mais vida e mais humanidade. Vida e Humanidade solicitam a pedagogia condições.
Um bom ensino requer boas condições institucionais, boas condições de vida e salário para os professores, muito respeito aos alunos, para os alunos e dos alunos.

Bibliografia:

FRANCO, Maria Amélia do Rosário Santoro. Pedagogia e prática docente. – 1ª ed. – São Paulo: Cortez, 2012.

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