O Ato
de Produção – Pensável, Não-Pensável e Impensável
Não
percebemos ainda a menina ou menino que aprende como uma necessidade
sócio-cultural de interação do ser-estar-sentir e agir no mundo.
A família esconde algo ou
omite informações que são importantes durante a formação da personalidade desta
criança¿
Segundo
(ORLANDI, 1990), “[...] o sujeito só se faz autor se o que produz for
interpretável; ele inscreve sua formulação no interdiscurso, historia seu dizer ... porque assume sua posição de
autor ‘se representa nesse lugar’, produz um fato interpretativo. Aquele que só
repete ‘exercício mnêmico’ não o consegue”.
Foucault
trabalha a “noção de autoria” a partir da Análise
do Discurso, Orlandi trabalha analisando o discurso toda vez que o produtor
da linguagem representa-se na origem, produzindo um texto com unidade,
coerência, progressão e finalidade.
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Pensável
Segundo (FERNÁNDEZ, 2001), “Pensar
supõe responsabilizar-se pelo pensado”.
Em (ORLANDI,
1990), “O autor responde pelo que diz, faz ou escreve, pois se supõe que está
em sua origem.”
Para pensar, as situações
precisam ser plausíveis de serem pensadas.
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Não-Pensável
Estes dificultam o pensar,
não são limites, mas funcionam como buracos, espaços vazios e esvaziadores. Impõe
a proibição do pensar e funcionam como obstáculo da aprendizagem.
Os
problemas de aprendizagem se alimentam nesse StandHall a partir de um quantum
de angústia que pode cobrir, tapar, bloquear, inibir ou penetrar o desejo
de conhecer.
Certas questões estão fora
da possibilidade de serem pensadas, seja para uma pessoa ou para uma cultura.
Os não-pensáveis recobrem-se de mitos e quando estendem-se e congelam-se no
sujeito, produzem “sintomas” ou “inibição cognitiva”.
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Impensável
Segundo
(FERNÁNDEZ, 2001), “Um não-pensável não é o mesmo que um impensável”.
Estes
se conectam com os limites da própria capacidade de pensar.
A
cultura tem seus não-pensáveis ou impensáveis. Os impensáveis são
possibilitadores e os não-pensáveis atuam como obstáculos.
A morte, por exemplo, é um
impensável. O que nos provoca a pensar e, em certas circunstância, do não
pensar. Um não-pensável em nossa cultura é a morte de um filho porque não
existe denominação para tanto. Há, sim, “órfão” e “viúvo”.
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Educacionalmente,
avançamos
quando atribuímos ao erro como algo
construtivo no processo de ensino e aprendizagem; quando não culpabilizamos a
criança pelo seu não-aprender e por não castigá-las, porém, nos falta avançar
no sentido da apropriação da autoria e responsabilidade dos saberes construídos
pela criança.
Assim,
torna-se necessário que “Um Outro”,
que pode ser mediador-ensinante do processo de ensino e aprendizagem, acompanhe
o aprendente, reconhecendo-o como autor de seu discurso.
Fonte:
FERNÁNDEZ, Alícia. O saber em jogo: A psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. [Tradução: Neusa Kern Hickel]. - Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.